quinta-feira, 17 de novembro de 2011

“O sonho é uma experiência que possui significados distintos. Para a ciência, é uma experiência de imaginação do inconsciente durante nosso período de sono. Para os religiosos pode ser um encontro espiritual com outras dimensões. Para os fanáticos até uma forma de receber avisos do além.

Para o torcedor do Fluminense, apenas um leve passatempo enquanto se dorme.

Os olhos fechados e a sensação de cansaço antecedem os sonhos de qualquer pessoa comum. Menos ao torcedor do Fluminense. Este não dorme, sequer fecha os olhos para sonhar.

Ao contrário, o faz acordado e com os olhos arregalados.

Quando acorda você se lembra imediatamente se teve um sonho ou um pesadelo.

Quando vai dormir o tricolor já teve os dois, nada mais o surpreende.

Sonho é um termo usado para citar o “impossível”, o “delicioso”, o “alvo maior de uma vida”. Pesadelo é o termo para definir um momento ruim, conturbado.

Sonhar é viver, de mentirinha, o inacreditável.

Ser Fluminense é viver, de verdade, um sonho.

Em 2008 na Libertadores e tantas e tantas vezes desde então. O time que não joga futebol por resultados mas sim por fazer história.

O time de guerreiros que conseguem fazer o fim de um pesadelo ser mais comemorado do que um sonho.

Todos sonham ser campeão. O Fluminense, mesmo quando não é, parece estar sonhando.

Futebol é uma fantasia real que move as pessoas através de paixão e perspectiva.

A expectativa de um grande jogo é muito maior e mais importante do que o jogo em si. O que move tudo isso é o imaginário, não o que de fato acontece.

Você especula, imagina, sonha e espera ansioso o grande dia. Quando ele chega, normalmente, te dá menos do que o sonhado, mas ainda assim te preenche.

Ser Fluminense é também viver tudo isso, com a diferença da realidade ser quase sempre melhor que o sonho.

Nesta noite, naquele Engenhão com chuva e não tão lotado quanto estaria caso não tivesse acontecido o pesadelo de sábado, o Fluminense foi além.

Na noite em que Vasco e Corinthians disputaram a liderança a distância até o último minuto da rodada, nada disso importava.

O time que sábado saiu vaiado de campo repetiu a dose.  Em 45 minutos viu tudo se repetir, o Engenhão vaiar e o Grêmio sair vencendo por 1×0.

Na volta, 1×1. Gol de falta, 2×1.

A partida ficava horrível para qualquer time do mundo, mas ficava perfeita pro Fluminense.

É dificil? Impossível? Dramático? Comigo mesmo, então!

3×2, épico de novo.

Fred e Deco se abraçam após o gol de empate e o atacante diz ao meia: “É com a gente”, numa rara demonstração de liderança e personalidade no atual futebol.

E aos 30, com a história escrita e mais um pesadelo virando sonho, o castelo volta a cair.

Em 2 lances isolados de quem não fazia um tipo muito ameaçador, o sonho acaba.

4×3, e faltam 10 minutos. De onde virá força pra reverter isso? É possível? Dá tempo?

Você, torcedor de qualquer clube, levantaria pra ir embora.  Os do Flu, não.

Não porque são fiéis, mas porque são Fluminense.

Eles sabem, mesmo que não digam, que não termina enquanto houver um minuto sequer.

Ainda havia 10 minutos.  Não precisaram de mais do que 3 para virar novamente e transformar um épico fracasso numa épica página de sua história.

O Fluminense sonha acordado, de novo.



Seu torcedor não sabe se será campeão, mas sabe que o campeão, seja ele qual for, não terá vivido parte daquilo que ele viveu.

Se o campeonato tem um dono, hoje não é o Flu.

Mas se ele tiver memória, certamente não se esquecerá do Flu. Seja ele o campeão ou não.

Torcer é sonhar o tempo todo com o que poderia ser.

Torcer pro Flu é descobrir que seu sonho não tinha graça nenhuma.

abs,
 RicaPerrone”

quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Ezio, O super Ezio..

Era tarde de Domingo de Páscoa, 11 de abril de 1993. Decisão da Taça Guanabara daquele ano contra o Volta Redonda. Eu tinha 12 anos. Estava atrás do gol das piscinas, a baliza onde foi marcado o tento do título. Lembro como se estivesse saindo, neste momento, nas Laranjeiras em festa. Apesar das nuvens, a chuva era a de pó-de-arroz, durante a entrada em campo do time do Fluminense. A torcida fez uma festa linda nas arquibancadas do Manoel Schwartz.

Daquele lance nunca esquecerei. Falta pela direita da grande área. Bola cruzada, a zaga rechaça. Na sobra, o volante Dudu chuta torto e a bola sobra para Ézio. Em uma fração de segundo, ele domina com a esquerda e coloca de chapa com a direita, no ângulo do goleiro Denis. O gol do título. Meu primeiro jogo em um estádio de futebol. Meu primeiro título. E com gol do meu ídolo: o Super Ézio.
Ézio se foi. Milhões de adolescentes (naquela época) tricolores – hoje, adultos – estão com um aperto no coração. Nosso herói partiu. Perdeu para o câncer, mas, como fez em campo, lutou bravamente até o fim. Encarou, como um Super que sempre será.
Se tinha Fla-Flu, era um “Ai, Jesus”. Pra eles, claro. Ézio nunca nos decepcionava. Foram 12 gols sobre o rival da Gávea. É o terceiro maior artilheiro do Fluzão neste clássico. No pós-jogo, suas apostas divertidas com Charles Baiano, centroavante do Flamengo na época, eram capa de todos os jornais. Nosso Super Ézio estava lá, degustando uma picanha servida pelo adversário derrotado. Dava pra sentir o gosto da vitória em mais um Fla-Flu.
Honra e glória
Ézio conquistou a Taça Guanabara (1991 e 1993), o Campeonato Carioca de 1995 e foi vice-campeão da Copa do Brasil de 1992. Durante as renovações de contrato, assinava papéis em branco, tamanha era a sua vontade de ficar no Fluminense.
FICHA TÉCNICA
Fluminense 1 x 0 Vota Redonda (Final da Taça Guanabara de 1993)
Data: 11/04/1993
Local: Estádio Manoel Schwartz (Laranjeiras)
Árbitro: Pedro Begralda
Renda: Cr$ 850.000.000,00
Público: 8.000 pagantes
Fluminense: Ricardo Pinto; Júlio César, Luís Fernando, Luís Eduardo e Lira; Chiquinho, Dudu, Julinho e Macalé (Cícero); Vágner e Ézio – Técnico: Edinho
Volta Redonda: Roberto Denis; Manu, Denimar, Roberto Silva e Ari; Andinho (Roni), Russo e Fernando César; Humberto, Dão e Darci – Técnico: Wilson Leite
Gol: Ézio (21min / 1º tempo)
Cartões Amarelos: Luís Fernando, Julinho (FLU) – Denimar e Ari (Volta Redonda)
Autor: Eu, mas poderia ser qualquer um de nós

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Viu? Era o Flu…

Em 2010 muitos brigaram comigo até a morte pra dizer que o Flu só era protagonista por causa do Muricy. Eu dizia que não, afinal desde 2007 o clube tinha uma sequência bem aceitável de campanhas que o credenciavam a ser um dos favoritos.
Mais do que isso: Tinha time pra ser campeão. Mas, sabe como é, o queridão sempre leva a fama. E o Flu, de ratos, foi “salvo” pelo mestre Muricy. Mentira!
O finalista da Sulamericana e Libertadores não tinha Muricy. O campeão da Copa do Brasil idem, nem o da reação de 2009, nem os outros de boas campanhas no Brasileirão. A subida do Tricolor era mérito do clube, já que os técnicos mudaram e os feitos não pararam de surgir.
O imponderável Fluzão das causas impossíveis precisava da cereja do bolo. Muricy foi, sem dúvida, importante ao dar sua dose de pragmatismo e futebol de resultado ao time.
Mas nunca foi o motivo do clube ter reagido, como pintaram.


A 5 rodadas do fim, o Flu disputa o título sem Conca e, pasmem, sem Muricy!
Pasmem ainda mais, pois o time joga um futebol, faltando 5 rodadas, bem melhor do que o do final de 2010.
Mas Abel não será exaltado, não faz marketing pra isso, é bom sujeito, não causa pauta toda coletiva.
Você dirá que “o Muricy é tetracampeão, poxa!”. E eu direi que o Abel é campeão da Libertadores e do mundo.
Comparando? Não. O Muricy tem mais resultados, o Abel ainda mantém sua “péssima” mania de tentar ganhar jogando bola.
Com grife, sem grife, com esse ou aquele, tá claro.
Não era este ou aquele que fez o favor de tirar o Fluzão do buraco e levá-lo a glória.
Foi o Fluminense que conquistou tudo isso.
Com eles, sem eles.
A maré alta continua. Sem ratos.
abs,
RicaPerrone